terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Recomeçar, desistir jamais.

O primeiro dia em que se acorda só sente-se mais cansada que sozinha. Cansada porque sofrer nos tira a energia, nos esgota física tanto quanto emocionalmente.
A sensação de que falhou lhe toma o pensamento e começa a se cobrar se talvez não deveria ter tido uma expectativa menor em relação ao outro, se talvez fosse menos doloroso não querer tanto e aceitar o que lhe cabia naquele latifúndio.
Dias se passaram, tantos que se transformaram em meses e quando o ano seria novo, uma voz dentro dela que nunca se calara mas que ela não conseguia ouvir pois seus gritos de dor, culpa, vergonha eram intensos disse algo que acalmou sua alma e a fez sair de si e ver de longe aquela em quem havia se transformado e a pensar se era assim que queria permanecer até a morte, que nunca se sabe a hora de sua chegada.
Dele, o que sabia? Somente que sua vida seguia como antes, talvez melhor pois seus ouvidos já não precisavam ouvir choros, lamentos, cobranças, reclamações e assim, tudo era para ele um continuar deixando para trás o que não fazia questão de levar junto já que o que lhe era realmente caro nunca lhe fora tirado. Ela até quis dar a ele uma “lição” tornando seus tesouros inacessíveis, mas sua alma gentil sabia que a dor não seria somente sua e assim deixou que suas vidas fossem as mesmas enquanto da sua própria cuidava de mudar, de melhorar.
Foram tempos em que a euforia do eu posso, eu quero, eu preciso, não posso deixar de fazer, de ter, tomou conta de seu cardápio de felicidade e sem restrição alimentar, teve seu paladar prejudicado mas inteligente que é, percebeu que não era preciso ir com tanta sede ao pote , que sua vida não precisava sair dos trilhos, que se esconder atrás de muita diversão não nos libera da dor da solidão.
Aprendeu que arrumar a bagunça interna é preciso vir primeiro. Leva um tempo, nem fica tão arrumada assim, mas já é possível viver sabendo que lá fora o mundo é uma selva, mas aqui dentro estamos seguros, então, pode-se ir e quando voltar tudo estará bem. É deixar a vida seguir e seja o que Deus quiser.
A vida segue seu fluxo e além do que Deus quiser, há de ser também o que for capaz de buscar e aceitar.
Buscas, sensatez, insensatez, euforia, descobertas e encontros. Num desses, depois de umas mentiras sinceras, descobre-se apaixonada, a seguir amando e muitas lágrimas e desencontros depois novamente sozinha. Ao novamente se perguntando por quê?
A diferença é que era mais forte que da primeira vez e estar só não lhe tirava as forças, apenas a deixava triste. Estar triste era normal. Ser normal é o que acreditava ser preciso ser.
Começava a decidir algumas coisas e uma delas era: Seu coração não seria mais de ninguém. Ao outro daria somente seu tempo, seu calor, seu sorriso, seu cuidado, sua aceitação e sua conformação. Adotaria o lema:Se não for ruim já tá bom.
Assim foi por um bom tempo e quando se viu só outra vez, percebeu que a desconsideração lhe doeu mais que o abandono.
Não precisou recomeçar, não havia necessidade de se reconstruir, apenas viver o que tempos atrás não podia pois alguns prazeres na vida custam dinheiro e hoje este já não é mais sua dificuldade. Agora, moderadamente, apenas pelo prazer, sem a euforia, a necessidade de fugir, de provar que pode mais, família, amigos, cinema, teatro, viagens são seu remédio para viver bem.
Se ainda tem dificuldades? Claro que sim. Aprender a lidar com elas é que a grande sabedoria. Aceitar, resignar-se não é negativo, não fazer da vida uma guerra, escolher as batalhas é que torna a vida mais fácil.
Hoje não acredita mais que o amor virá, mas a cada dia espera da falta dele se livrar. Não é fácil bem sabe, mas melhor que seja assim pois o tempo que passa nos obriga a buscar novas fontes de energia, pois do contrário, viver passa a ser uma contagem de dias que faltam para a morte chegar e isso ela não quer.

Amigos, desculpem a ausência, em fase de organização. Grande beijo e até daqui a pouco.