segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ilustrando o post anterior.

O cineasta Cacá Diegues retoma a idéia do filme "Cinco Vezes Favela", documentário com cinco episódios de curta metragem, produzido pela UNE em 1961. A nova versão, “Cinco vezes favela, agora por eles mesmos” é escrita, dirigida e realizada por jovens cineastas moradores de favelas do complexo da Maré, Vidigal, Cidade de Deus, Parada de Lucas e da Lapa.
No dia 24 de abril, o projeto foi apresentado numa coletiva de imprensa, no cine Odeon BR, no Rio de Janeiro. Produzido por Luz Mágica Produções, em co-produção com Globo Filmes e Columbia do Brasil, estiveram presentes os jovens cineastas, além do supervisor do longa-metragem Cacá Diegues e a produtora do filme Renata Magalhães.
Com apoio da Central Única das Favelas - Cufa, Nós do Morro, Observatório de Favelas, AfroReggae e Cinemaneiro, o processo de produção do filme começou em janeiro de 2007, com o funcionamento de cinco oficinas de roteiro, coordenadas por Rafael Dragaud, cada uma delas instalada nas comunidades citadas. Agora, selecionados os argumentos e escritos os roteiros pelos próprios participantes das oficinas foram escolhidos, entre eles, os diretores de cada um dos cinco episódios.
Enquanto o projeto está na fase de captação de recursos, os roteiros continuam sendo trabalhados pelos argumentistas e diretores, que também estão pesquisando as melhores locações para os filmes.
História
O primeiro projeto de “Cinco vezes favela” completa 45 anos em 2007. A proposta agora é mostrar um novo olhar sobre as comunidades da periferia carioca: agora, não mais pelo prisma do observador externo, como foi feito em 1961, mas sob o ponto de vista de seus próprios jovens moradores, porta-vozes deles mesmos.
Em 1961, cinco jovens cineastas universitários de classe média realizaram um filme produzido pela União Nacional dos Estudantes (UNE) chamado “Cinco Vezes Favela”, que reuniu cinco episódios. Naquele momento, essa experiência era rara, pois ninguém voltava as câmeras para a favela. Hoje a realidade social e econômica não mudou substancialmente. No entanto, filma-se cada vez mais nas comunidades de periferia. Cursos de roteiro, oficinas de vídeo e de cinema, e a conseqüente produção de filmes e vídeos realizados na periferia pelos próprios moradores, estão sem dúvida alguma semeando a próxima grande novidade do cinema brasileiro.

Títulos, argumento e direção:
Acende a luz – argumento e direção de Luciana Bezerra. Na véspera do Natal, o morro está sem luz e os técnicos chamados não conseguem resolver o problema; até que um dos técnicos se torna refém da comunidade que não quer passar o Natal às escuras.
Arroz com Feijão – argumento de Zezé da Silva. Direção de Rodrigo Felha e Cacau Amaral. Wesley tem 12 anos de idade e sonha dar ao pai, que só come diariamente arroz com feijão, um presente de aniversário inusitado: uma refeição de frango.
Concerto para violino – argumento de Rodrigo Cardozo da Silva. Direção de Luciano Vidigal. Jota, Pedro e Márcia cresceram juntos, numa mesma comunidade. Quando crianças, eles fizeram um juramento de amizade que, agora adultos com diferentes destinos, não têm mais como cumprir.
Deixa voar – argumento e direção de Cadu Barcellos. A pipa de Flávio, de 17 anos, cai na favela de uma facção do tráfico rival à da sua comunidade. Obrigado a ir recupera-la, ele descobre que as duas comunidades não são em nada diferentes uma da outra.
Fonte de renda – argumento de Vilson Almeida de Oliveira. Direção de Manaíra Carneiro e Wavá Novais. Maicon realiza seu sonho de passar no vestibular de Direito, mas agora precisa arranjar dinheiro para pagar seus estudos, livros e cadernos. 
A situação na favela só não mudou como em muitos aspectos até piorou. Claro que em algumas houve melhoras de infraestrutura mas o interesse político se sobrepõe ao social.
O episódio Arroz com feijão talvez tenha sido o único em que houve uma preocupação com a ética e não usou a pobreza para justificar atitudes ilícitas. No Deixa voar um adulto desocupado promove uma disputa com adolescentes fornecendo a pipa e obriga o que perdeu sua pipa com xingamentos a ir buscá-la em uma comunidade rival e ao contrário do que é dito, no filme ele é "salvo" por um bandido ou dito como tal, do contrário ele teria sido morto. Depois ele vai procurar uma colega e já saem abraçados como se realmente não houvesse  perigo nenhum. Minha leitura é a máxima de quem tem "padrinho' não morre pagão. O Fonte de renda quer dizer que a única fonte de renda para quem mora em comunidade é o tráfico já que os ditos filhinhos de papai querem facilidade até para seus vícios. Mas será que somente assim?
Sei que minha realidade é e foi outra, mas acho que eles têm sim muitas oportunidades e os que querem e se empenham rompem com esses paradigmas. Filmes como esse é que colaboram para que a história se repita.

Grande abraço e uma semana nova com novidades.

4 comentários:

  1. não vi o filme,mas entendo a forma como vc pensa. acho que só quem mora aí no Rio é que tem noção mesmo do que é conviver com certas situações.aqui em saõ paulo a barra é pesada porque as favelas não são organizadas,os favelados aqui são apenas massa de manobra dos politicos.não sei se é igual em toda a parte, talvez seja. boa semana, querida e um beijo

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  2. Vanna, eu concordo com você. Estigmatizaram as favelas e os filmes se repetem, todos iguais. Se não são as ONG fazendo trabalho social, principalmente estrangeiras, as favelas no Brasil são apenas parte da paisagem para os políticos e cineastas.
    Gostei da nova morada!! Beijus,

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  3. Vanna, vc está de casa nova!!! gostei do novo espaço!
    Estou sentindo falta das suas visitas/recados!

    abração pro c!!

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  4. Agora sobre o texto:
    concordo com vc, ou melhor, compartilho da sua angustia e insatisfação diante de filmes como esse (que não assisti).
    Sempre estamos no limite entre a arte usada como instrumento de mudança ou simplesmente como reprodução do mesmo.
    É nesse momento que o papel do educador/professor se torna indispensável. O papel de despertar um olhar crítico, de questionar e problematizar o que nos é apresentado de maneira 'naturalizada'.

    abração pro c

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